Você já ouviu falar em GLOSSOFOBIA? É a expressão, de origem grega, para o velho e conhecido medo de falar em público. E o que essa palavra tem a ver com o Arnold Schwarzenegger e a atuação do advogado em audiências?
Fique comigo até o final deste texto que eu prometo explicar (pelo menos tentar!) onde pretendo chegar.
Em 30 de outubro de 2014, o site de notícias do jornal “The Washington Post” publicou uma pesquisa feita pela Chapman University sobre os maiores medos dos americanos, ficando o medo de falar em público entre os primeiros lugares.
Arthur Samuel Joseph, renomado guru do trabalho vocal de artistas de hollywood como Pierce Brosnan, Sean Connery, Arnold Schwarzenegger, Angelina Jolie (sim, até ela!), Charlton Heston, de líderes políticos como Bill Clinton, de mega-empresários como Pat Riley (presidente do Miami Heat) e Tonny Robbins, de atletas de primeira linha, de cantores famosos e de milhares de pessoas comuns ao redor do mundo diz que o medo de falar em público é na verdade o sintoma de dois outros temores mais sutis e mais profundos, a saber:
- Medo do Abandono – Quando nos preocupamos com o que os outros pensam de nós enquanto falamos ou quando somos questionados pelo que falamos, nós estamos abandonando o nosso Eu. E o corpo responde a esse medo de abandono prendendo a respiração, desviando o olhar, subindo a pressão, tensionando músculos. Mas, a pior marca desse temor de ser abandonado é dar aos outros domínio sobre nós;
- Medo da Própria Grandeza, de Apossar-se do Próprio Poder – Apropriar-se de seu poder é ser você mesmo. O poder nesse sentido não é agressivo nem dominador, mas soberano. Importa aqui fazer uma importante distinção entre SER quem você é e REPRESENTAR quem você é, já que este último ato pressupõe a busca da aprovação ou permissão alheia, posturas enfraquecedoras. Há igualmente reflexos físicos do medo de nossa própria grandeza em nossas atitudes, tais como, falar de forma ofegante, falar alto, utilizar expressões como “Eu acho”, “Eu penso”; evitar contato visual, falar rápido por receio de tomar muito tempo dos outros.
Agora eu pergunto: Sabendo disso, será que o temor de audiência não estaria diretamente relacionado com o nosso medo de abandono perante o juiz, ou perante o advogado da parte contrária, ou perante o cliente? Não decorrerá daí a sensação de nudez quando, no ambiente muitas vezes hostil da sala de audiências, estão voltados para nós todos os olhos, avaliando-nos, medindo-nos a cada palavra proferida, a cada movimento executado?
Ou ainda, será que não nos sentimos inferiorizados diante da autoridade judiciária ou de outro advogado que nos parece mais capacitado que nós? Pensamos que não somos bons o bastante porque não dispomos do prestígio social dado ao magistrado, aprovado em difícil concurso público e detentor de um invejável soldo? Ou nos deixamos intimidar pelo advogado da parte contrária, trajado impecavelmente e com discurso pomposo para cima de nós? Como querer que os outros nos dêem o devido valor se nós mesmos nos depreciamos e deixamos de exercer o poder que possuímos?
Se você seguir corretamente as cinco etapas do Plano de Ação em Audiências você estará devidamente preparado para dar ao seu cliente uma boa defesa em juízo. Mas, por que mesmo assim você ainda treme quando vai falar com o juiz ou quando é questionado pelo advogado da outra parte?
Faça uma auto-análise tranquila e sincera e tente descobrir a real causa por trás desse pavor. E, ao descobri-la, não se recrimine por isso, mas pense em como você poderá superar essa deficiência. Tenha com você a mesma paciência que teria com uma criança que está aprendendo a falar, encorajando a sua evolução e evitando julgamentos depreciativos que só atrapalham.
Uma das lições mais reveladoras de Arthur Joseph é que ao falarmos estamos nos expondo de uma forma tal que dificilmente você ouvirá alguém dizer: “Fulano tem uma voz insegura” ou “Beltrano tem uma voz arrogante”, mas “Fulano É inseguro”, “Beltrano É arrogante”.
Aliás, esse caráter revelador da nossa voz é brilhantemente sintetizado por Joseph nesta frase:
Se os olhos são a janela da alma, a voz é essa janela aberta”
E aqui vem a lição que eu considero a mais importante de todo o trabalho de Arthur Samuel Joseph e que certamente vai ajudá-lo não apenas em audiências, mas na sua vida:
Seja autêntico ao falar e não tente parecer alguém que você não é; ENCONTRE a sua voz – NÃO INVENTE uma – de maneira que ela transmita quem VOCÊ É, pois é aí que reside o seu VERDADEIRO poder.
Na verdade, o título deste post leva o nome do Arnold Schwarzenegger justamente por esse ensinamento. Segundo conta o autor de Vocal Leadership: 7 Minutes a Day to Communication Mastery, desde a primeira sessão de treinamento vocal, no início dos anos 80, ele decidiu que não trabalharia para tirar o sotaque austríaco do astro de “O Exterminador do Futuro”. Em vez disso, Arthur Joseph concentrou-se em desenvolver a voz inteira de Arnold, fortalecendo-a, realçando-a, dando-lhe mais presença, clareza articulatória e emoção, de modo que ela transmitisse a quem a ouvisse a pessoa de seu emissor.
Fosse outra a estratégia do renomado treinador vocal e nós hoje estaríamos privados de uma das cenas mais marcantes do cinema:
Em razão dessa defesa da autenticidade pessoal e do autoconhecimento para encontrar a própria voz, o trabalho de Arthur Samuel Jospeh me cativou desde o começo. Ao contrário de muitos cursos de oratória por aí em que o sujeito aprende técnicas e mais técnicas para ao final falar como o Silvio Santos ou como locutor de rádio esportiva, o Vocal Awareness ajuda o aluno a fortalecer, por meio da voz, a sua própria personalidade.
Em outro post falarei dos sete rituais ensinados pelo Arthur Joseph para você praticar diariamente e melhorar a sua voz por meio de exercícios e técnicas simples.
Se você quiser saber mais a respeito do trabalho de Arthur Samuel Joseph, acesse a SUA PÁGINA e leia os seus livros Vocal Leadership: 7 Minutes a Day to Communication Mastery e Vocal Power: Harness Your Inner Voice to Conquer Everyday Communication Challenges, ambos disponíveis na Amazon.
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Um forte abraço!